ESCRITO POR SERGIO BEZERRA
Infelizmente, alguns profissionais externam, na imprensa,
suas opiniões sobre os professores das escolas públicas sem conhecer a verdade.
Comecemos pelo seguinte: os professores com nível superior,
tanto do estado do Ceará (SEDUC) como do Município de Fortaleza (SME), têm,
como salário inicial, para uma jornada de 40 (QUARENTA) horas semanais, ou
seja, dois turnos, R$ 2.444,92 (dois mil, quatrocentos e quarenta e quatro
reais e noventa e dois centavos) no Estado e R$ 2.136,96 (dois mil, cento e
trinta e seis reais e noventa e dois centavos) no Município de Fortaleza.
É bom lembrar: os duzentos (200) dias letivos DOS ALUNOS,
determinados pela Lei 9.394/96, LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
que os professores das escolas públicas passaram a cumprir desde 1997; pelas
Constituições Federal e Estadual; pelos
Estatutos do Magistério do Estado do Ceará e do Município de Fortaleza
garantem 45 (quarenta e cinco) dias de férias para os professores (30 dias após
o primeiro semestre letivo e 15 dias no término do ano letivo); e os 30 dias
que os alunos têm direito para recuperação, caso não obtenham aprovação durante
o ano letivo.
Em seguida informo que, como existem 52 sábados e 52
domingos, e como, no ano de 2013, teremos 10 feriados em dias úteis, se
somarmos estes dados iremos observar que os PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS
terão de cumprir uma jornada de trabalho de 389 (TREZENTOS E OITENTA E NOVE)
dias num ano civil de 365 dias. Quem explica isto?
Diante das informações acima vou relatar os prejuízos para
os alunos. Primeiro: os professores têm de trabalhar os três turnos para ter um
salário que garanta um pouco de dignidade para si e para sua família; Segundo:
os professores precisam de tempo para planejar suas aulas, porém não encontram
esse tempo devido à grande jornada de trabalho (muitas vezes em 3 ou 4 escolas
ao longo do dia); Terceiro: o número excessivo de alunos nas salas de aula
prejudica o rendimento escolar (salas com até 45 alunos no ensino fundamental e
de até 60 alunos no ensino médio!); Quarto: Segundo pesquisa do DIEESE/APEOESP,
este o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, sobre a saúde dos
professores constatou-se que 79,7% dos professores se queixam de cansaço; de
nervosismo, 61,1%; de problemas de voz, 57,1%; de dores nas pernas, 56,3%; de
ansiedade, 55,2%; de dores de cabeça, 53,9%; de fadiga/cansaço, 52,1%; além de
dores de coluna, esquecimento, dores musculares, angústia, dificuldade de
enxergar, sonolência, dores nos braços e cansaço visual, com 39,4%.
Os Professores do Estado do Ceará não são diferentes dos
professores de São Paulo; Quinto, que o instituto de saúde dos professores do
Estado do Ceará dá direito apenas a uma consulta por família no mês e, na
Prefeitura de Fortaleza, apenas duas consultas por família ao mês; Sexto, que
só nos dois últimos anos mais de 4.000 professores solicitaram aposentadoria e
existem mais de 9.000 contratos temporários no Estado e 3.000 no município de
Fortaleza.
Informamos ainda que os professores trabalham três turnos
porque ganham mal e ganham mal porque a Lei do Piso Salarial, hoje no valor de
R$ 1.567,00 é adotado pelos entes federados somente para os professores de
nível médio no início de carreira e não repercutindo nos demais níveis.
Um professor que leciona Filosofia, por exemplo, cuja carga
horária é de 1 hora-aula, por turma, terá de ministrar, por semana, a sua aula
em 32 turmas. Como cada turma tem, em média, 40 alunos teremos aí um número de
1.280 (HUM MIL E DUZENTOS E OITENTA ALUNOS) por semana! Se o trabalho do
professor fosse realizado em apenas uma escola, tudo bem, MAS... estas aulas
são distribuídas em 3 ou 4 escolas! Um profissional, no caso o do Magistério,
que está continuamente em contato com milhares de alunos está mais suscetível a
doenças, e, como no momento, está ocorrendo um rotavírus será que nenhum
professor adoecerá? Como se esta já não fosse uma situação para lá de
dramática, quando existe a intercorrência de um rotavírus um grande número de
professores, e também de alunos, adoece! - já que as salas de aula, além de já
superlotadas, são quentes e sem ventilação.
É grande a desistência dos professores efetivos e
temporários em continuar no magistério: Consulte-se o Diário Oficial do Estado
e do Município de Fortaleza, e verifique a situação.
Em pesquisa realizada entre os países da America Latina
sobre a qualidade da educação, o Brasil superou apenas o Haiti na América
Latina. O que nos tornou diferente dos demais países é que, no Brasil, as
escolas têm apenas um turno, todos os demais países possuem escolas com dois
turnos.
O problema da educação no Brasil é querer competir com os
demais sem oferecer uma escola de tempo integral, e o governo fica iludindo a
sociedade fazendo promessas que não são cumpridas e transferindo
responsabilidades para os professores e profissionais da educação, que são
vítimas, nunca algozes.
E só lembrando: hoje o Brasil ocupa a 83º entre 134 países
pesquisados no mundo.
Porém, apesar de tudo, eu sou professor; e estou fazendo a
minha parte! E acredito nos profissionais da educação e em nossos alunos!
Prof. Sergio Bezerra e Silva Neto
Secretário para Assuntos Jurídicos do Sindicato APEOC
E-mail: sergiobsneto@yahoo.com.br.
Fonte:apeoc
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